Autobiografia e Memória em Bandeira


Ao procurar fontes para falar sobre a vida e a obra de Manuel Bandeira me deparei com o livro “Itinerário de pasárgada”, livro onde Bandeira fala sobre sua carreira como escritor e sobre os caminhos que ele seguiu até escrever determinado livro.
Em Itinerário de Pasárgada Manuel Bandeira evoca sua infância e adolescência e traça sua verdadeira autobiografia intelectual, estendendo-se sobre a sua formação literária e sua convivência com a poesia, sobre a profunda influência do pai e de alguns poetas.
Bandeira inicia o livro falando do poema “Infância” e as reminiscências de sua vida.
Tendo Bandeira um extenso currículo como escritor, optamos por estudar e apresentar duas obras, não todos os poemas, mas fazer de uma forma breve e geral um estudo entre seus poemas e os textos estudados em sala, buscando fazer um diálogo direto entre o tema autobiografia e memória. As obras escolhidas foram “Libertinagem” e “Estrela da manhã”.
Libertinagem foi publicada em 1930, contém poemas escritos por Bandeira de 1924 a 1930 além de conter poemas escritos em francês e traduções de outros poemas. “O português dessas traduções contrasta singularmente com dos poemas originais. É que na ginástica de tradução fui aprendendo que para traduzir poesia não se pode abrir mão do tesouro que são a sintaxe e o vocabulário dos clássicos portugueses.” Esse livro marcou o amadurecimento da poesia de Bandeira, no sentido de liberdade estética. Consolidou também sua temática existencial e explorou com mais freqüência as cenas e imagens brasileiras. O período de criação do livro marcou “os anos de maior força e calor do movimento modernista”. Segundo o próprio escritor, se não fosse pela presença de seus companheiros não seria possível a criação e a publicação desse livro.
Seis anos após a publicação de Libertinagem, Bandeira publica Estrela da Manhã. Estava o escritor com 50 anos de idade, só foi possível a impressão de 50 cópias. Alguns dos textos desse livro se tornaram música. Devido a esse sucesso entre os músicos, em 1945 Bandeira compôs uma série de canções a pedido de Villa Lobos.
O mais interessante do livro Autobiográfico Itinerário para pasárgada é que Bandeira analisa a presença de traços biográficos em seus poemas e os explica de forma simples a fim de que o leitor de suas obras compreenda o motivo de cada traço de seus poemas. Nada é escrito por acaso, cada verso, cada estrofe, cada poema, cada nome... Tudo tem um motivo e uma explicação. Manoel Bandeira busca o leitor a viver o que ele viveu. E isto facilita a compreensão da leitura, uma vez que certos elementos presentes nos textos não poderiam ser tidos como biográficos se o próprio autor não contasse o motivo de tê-lo colocado no poema, cito como exemplo o termo “Pasárgada”, palavra que o autor diz ter visto pela 1ª vez aos 16 anos em um autor grego.

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