Plano de aula Crônica


Plano de aula

Identificação
 Disciplina: Língua Portuguesa
Turma: 2º Ano do Ensino Médio
Tema: Gênero Textual – Crônica
Duração: 4 aulas de 40 minutos
Pré-requisitos: Conhecimento da estrutura textual;

Objetivo Geral
Identificar a estrutura da crônica em diferentes formas e espaços de comunicação e desenvolver o hábito da leitura.
Objetivos Específicos
Conhecer o gênero crônica e suas características;
Ampliar o vocabulário;
Desenvolver a oralidade;
Desenvolver o hábito da leitura;
Ser capaz de produzir uma pequena crônica.

Metodologia
Conceituar o gênero textual crônica;
Apresentar as características de uma crônica;
Apresentar os elementos básicos para este tipo de narrativa – fatos, tempo, personagens e lugar;
Assistir ao filme: O Homem nu. Roteiro de Fernando Sabino e direção de Hugo Carvana;
Estimular os alunos a produzir uma crônica;
Acompanhar a escrita da crônica, oferecendo sugestões e recursos por meios dos quais os alunos possam melhorar o seu nível de escrita;

Cronograma
Filme: O Homem nu. (1 hora e 15 minutos)
Apresentação da crônica que deu origem ao filme e proposição dos exercícios acerca do filme e da crônica. (30 minutos)
Conceituar o que é “Crônica”. (10 minutos)
Apresentar as características de uma crônica. (10 minutos)
Explicar os diversos elementos que compõem a crônica. (15 minutos)
Proposição da escrita da crônica com tema livre. (15 minutos)
Entrega das crônicas corrigidas e debate sobre o filme. (50 minutos)

Conteúdo Programático
Assistir ao filme analisando o seu conteúdo;
Leitura e interpretação da crônica;
O que é crônica? – Conceituar o que é crônica;

Avaliação
  Participação dos alunos nas atividades propostas em sala de aula;
  Interesse e motivação dos alunos durante a produção textual.
Resultados Esperados
    Que os alunos sejam capazes de reconhecer uma crônica;
 Qual a sua finalidade;
 Que produzam uma crônica sem auxílio do professor.

Material de Apoio
A palavra “crônica”, em sua origem, está associada à palavra grega “khrónos”, que significa tempo. De khrónos veio chronikós, que quer dizer “relacionado ao tempo”. No latim existia a palavra “chronica”, para designar o gênero que fazia o registro dos acontecimentos históricos, verídicos, numa sequencia cronológica, sem um aprofundamento ou interpretação dos fatos.
De um modo geral, importantes escritores começam a usar as crônicas para registrar, de modo ora mais literário, ora mais jornalístico, os acontecimentos cotidianos de sua época, publicando-as em veículos de grande circulação. 
Os autores que escrevem crônicas como gênero literário, recriam os fatos que relatam e escrevem de um ponto de vista pessoal, buscando atingir a sensibilidade de seus leitores. As que têm esse tom chegam a se confundir com contos. Embora apresente característica de literatura, o gênero também apresenta características jornalísticas: por relatar o cotidiano de modo conciso e de serem publicadas em jornais, as crônicas têm existência breve, isto é, interessam aos leitores que podem partilhar esses fatos com os autores por terem vivido experiências semelhantes.
Ao escrever as crônicas contemporâneas, os cronistas organizam sua narrativa em primeira ou terceira pessoa, quase sempre como quem conta um caso, em tom intimista. Ao narrar, inserem em seu texto trechos de diálogos, recheados com expressões cotidianas.
Escrevendo como quem conversa com seus leitores, como se estivessem muito próximos, os autores os envolvem com reflexões sobre a vida social, política, econômica, por vezes de forma humorística, outras de modo mais sério, outras com um jeito poético e mágico que indica o pertencimento do gênero à literatura. 
Assim, uma forte característica do gênero é ter uma linguagem que mescla aspectos da escrita com outros da oralidade.

Todos os estilos acabam por encaixar-se em três grandes grupos de crônicas: as poéticas, as humorísticas e as que se aproximam dos ensaios. Estas últimas têm tom mais sério e analisam fatos políticos, sociais ou econômicos de grande importância cultural.

Elementos constitutivos da crônica
    É publicada geralmente em jornais ou revistas;
 Relata de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário jornalístico e no cotidiano;
Consiste em um texto curto e leve, que tem por objetivo divertir e/ou fazer refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos;
Pode apresentar elementos básicos da narrativa – fatos, tempo, personagens e lugar – com tempo e espaços não limitados;
O narrador pode ser observador ou se constituir em personagem;
Emprega a variedade informal da língua;
Pode apresentar discurso direto indireto e indireto livre.
Filme: O Homem Nu
O Homem Nu – Fernando Sabino

Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.  Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.   Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.  Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares...  Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não!  — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.  Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador.  Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer?  Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso.  — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.

Compreensão textual – O Homem Nu
1 – Que acontecimento desencadeou o a história do texto?
2 – Qual é o tempo de duração da história?
3 – Onde ocorre a história?
4 – Transcreva no caderno as passagens iniciais do texto em que o autor deixa claro estar partindo de uma observação pessoal.
5 – Há diferença entre a crônica escrita por Fernando Sabino e o filme dirigido por Hugo Carvana? Caso seja positiva a resposta, justifique com exemplos.
6 – Qual é o tipo de narrador da crônica?
7 – Qual é o tipo de linguagem? Justifique com trechos do texto.

Livro Didático – Português: Contexto, Interlocução e Sentido. PNLD – 2012, 2013  e 2014. Editora Moderna, 1ª Edição. Volume 2. São Paulo, 2008.

Bibliografia
AMARAL Heloisa. O gênero crônica. Disponível em:
SABINO Fernando. O Homem nu. In: O Homem nu. Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 65.
O Homem nu. Roteiro: SABINO, Fernando. Direção: CARVANA, Hugo. Ano: 1997.
Livro Didático. Português: Contexto, Interlocução e Sentido. PNLD – 2012, 2013 e 2014. Editora Moderna, 1ª Edição. Volume 2. São Paulo, 2008.



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