CBC


SOUTO, Ângela Maria da Silva. LEAL, Leiva de Figueiredo Viana, SOUSA, Vilma de. CBC – Língua Portuguesa. Ensino Médio.
Resenha Crítica

O CBC propõe eixos norteadores para o ensino de língua portuguesa, que giram em torno de questões relacionadas com a compreensão e produção de textos, linguagem e língua, assim como a literatura e outras manifestações culturais. E se orientam a partir dos PCN’s, trata-se portanto, de um currículo elaborado com o intuito de ser empregado em todas as escolas estaduais de Minas de Gerais, com a finalidade de orientar o ensino com base nas avaliações reguladoras aplicadas pelo estado, o PAAE e o PROEB.
“A importância dos CBCs justifica tomá-los como base para a elaboração da avaliação anual do Programa de Avaliação da Educação Básica (PROEB) e para o Programa de Avaliação da Aprendizagem Escolar (PAAE) e para o estabelecimento de um plano de metas para cada escola. O progresso dos alunos, reconhecido por meio dessas avaliações, constitui a referência básica para o estabelecimento de sistema de responsabilização e premiação da escola e de seus servidores” (p. 09).
Dessa forma, o CBC pode ser visto como um parâmetro regulador das ações do professor dentro da sala de aula, pois é a partir dele que o professor será avaliado quanto ao conteúdo que ensina para o aluno. Assim, este documento é o responsável pela escolha dos objetos de ensino e aprendizagem em Língua Portuguesa. Guiando o professor, de forma prescritiva, no que e como ele deve ensinar a Língua Portuguesa.
“A seleção dos conteúdos da disciplina de Língua Portuguesa se traduz em critérios de seleção de textos, de práticas pedagógicas de leitura e produção de textos, e de recursos linguísticos que deverão ser objeto de reflexão e estudo sistemático, a cada etapa de ensino. Ao selecionar textos para estudo, é preciso ter em mente que a escola deve garantir ao aluno o contato com textos de diferentes gêneros orais e escritos em circulação na sociedade; adequados do ponto de vista discursivo, semântico e formal; com níveis cada vez mais complexos de organização” (p. 17).
O CBC legitima certas práticas de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa, tentando regular o trabalho do professor em sala de aula. Esta regulação se dá não apenas no âmbito do CBC, mas também a partir de outros documentos como os PCN’s. Sendo assim, o CBC tem como alicerce as práticas a partir dos gêneros discursivos e suas condições enunciativas. As propostas contidas nestes documentos partem de que a construção de sentidos pode ser negociada e compartilhada, e transformadas nos vários discursos e textos que circulam em nossa sociedade. O CBC, assim como PCN’s, também defendem o desenvolvimento das competências e habilidades de uso da língua, e a reflexão sobre tal uso em detrimento do domínio de conceitos e classificações como fins em si mesmos.
O primeiro eixo proposto pelo CBC concerne ao que diz respeito ao conteúdo que deve ser estudado/ensinado no Ensino Médio, tendo como tema central a produção e compreensão textual, e são apresentados quais os suportes textuais devem ser utilizados. Neste primeiro eixo é exigido um estudo com base na contextualização, tematização, enunciação e na textualização de acordo com o tipo de discurso ou de sequências discursivas que cada gênero apresenta.
O segundo eixo temático aborda a linguagem e a língua, destacando a compreensão da língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso; o reconhecimento da língua como instrumento de construção da identidade de seus usuários e da comunidade a que pertencem; a compreensão  da escrita como simbolização da fala; e a compreensão da necessidade da existência de convenções.
O terceiro eixo tratado no CBC, trata sobre questões ligadas à Literatura. As temáticas discutidas neste eixo estão divididas e organizadas entre as diferentes séries do Ensino Médio, tendo como objetivo final, que os alunos atinjam certas habilidades, ou seja, tendo como principal pensamento o que o aluno poderá aprender ao estudar determinado conteúdo.
Outra questão abordada pelo CBC diz repeito a avaliação, com este item o professor pode repensar sobre sua prática docente, criando novas formas de trabalho, ajustando-a ao processo de ensino-aprendizado. A escola também recebe uma orientação sobre quais ações educativas são mais importante, ou quais são as que realmente funcionam na prática, e colocam que a avaliação deve ocorrer antes, durante e depois o processo de ensino e aprendizado dos alunos, fazendo com que o professor e a escola estejam antenados com as dificuldades apresentadas pelos alunos.
O CBC valoriza o uso de “fichas”, para isto é citado o método proposto por Armstrong, que permite ao aluno escolher como deseja ser avaliado, demonstrando o que deseja fazer em relação aos conteúdos já ensinados e às situações do seu dia-a-dia. Outra proposta de “ficha” é apresentada, baseada na proposta de Campbell e Dickinson, onde é sugerida a avaliação dos valores e atitudes em linguagem – leitura e escrita – dentro e fora da escola, analisando, amplamente, o desempenho, os interesses e os hábitos dos alunos.
Finalizando, o CBC apresenta um tópico referente a auto avaliação, que é uma ferramenta bastante utilizada, e que permite ao aluno se apropriar de forma consciente dos conhecimentos adquiridos, identificando suas próprias dificuldades, percebendo pontos que podem ser melhor aprendidos. Outra forma de aprendizagem é o portfólio, onde o aluno pode fazer anotações individuais sobre seu crescimento em cada etapa do trabalho, podendo revê-las, medindo, assimm seu desenvolvimento escolar.
 Para a auto avaliação também é proposta uma ficha, baseada nas teorias de Campbell e Dickinson, que pode ser preenchida, retirando informações contidas, por exemplo, no portfólio. Dessa maneira, cabe ao professor saber utilizar estas ferramentas, e o mais importante, como utilizá-las de forma a garantir um ensino de qualidade para os seus alunos.
Logo, o currículo precisa ser negociado conforme as reais possibilidades dos professores, oferecendo a estes condições de formação frequente. Somente dessa maneira será possível fazer funcionar, de maneira realmente considerável e significativa, as práticas requeridas pelo CBC e por demais documentos de iniciativa governamental.

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