Reflexões


Vazio.
Isso é o que eu sinto agora. Fazia falta escrever. Na verdade tinha preguiça de abrir o blog pra escrever. Se não me engano, essa é a minha primeira postagem desde que ganhei esse not novo.
Hoje, incrivelmente às 10h47min da manhã de uma linda sexta feira de sol, eu me sinto um lixo. Como se tudo o que eu tivesse conquistado, estivesse escorrendo pelas minhas mãos, só que eu percebi isso tarde demais.
Sabe quando a vida lhe prega uma peça? Dessas dignas das tragédias de Shakespeare? Pois então. Isso é o que me aconteceu nesses últimos dias, nessa última semana.
Estava fraca, e sei que fui usada, da forma mais torpe que um ser humano pode ser usado, nos seus desejos carnais, no seu súbito desejo de ser uma pessoa casta, não só de corpo, mas de pensamentos e palavras. Eu me perdi do meu propósito, do meu ideário de vida nova.
Entrei em um mundo que já não era meu, com alguém que está longe de ser o que eu quero e o que eu espero. Mas mesmo assim eu embarquei. Sorri sem olhar pra trás e entrei no barco. Senti naquele momento a escuridão tomar conta do meu corpo. Já não vi mais nada. O que antes era claro, passou a ser obscuro. Ultrapassei a linha tênue entre o desejo e o casto. Perdi de mim. Eu, ainda parada na fronteira entre os dois, me vi indo, me vi partindo e me deixando pra trás. Sem poder fazer nada. Tentava gritar, mas minha voz não se fazia ouvir. Porque estava dentro. Estava presa. E assim eu me vi sumindo em meio a névoa do meu passado. Em meio a um resquício de saudade que eu tinha daquela vida que eu levava. Fui coberta por uma estranha e louca e obsessiva sensação de vazio. De perda de alguma coisa. Perdi sim, me perdi, perdi minha dignidade. Eu simplesmente deixei-me embarcar e ser levada.
Não era eu, mas eu sei que essa explicação não é valida pelo meu tombo, pela minha entrada no buraco. Pelo meu vazio. Pela minha perda.
Eu acreditei que alguém pudesse me ver com outros olhos, que pudesse me ver por detrás do meu rosto, e não apenas por baixo das minhas vestes. Perdi o controle da minha vida. Fui levada por uma ilusão. Fui testada e não passei. Eu perdi. E por um segundo, eu realmente pensei que nessa minha perda, eu pudesse encontrar o que eu tanto procuro. O que eu tanto espero. Encontrar aquilo que eu não acredito que exista,mas que eu espero que exista, porque o mundo nada seria se essa esperança não existisse.
Mas mais uma vez eu me enganei, deixei que e enganassem. E mais uma vez riram de mim. Como se eu, parada ali me vendo partir, estivesse em um picadeiro trajada de palhaço, e que todos me olhavam, que eu e outro alguém me olhasse, e risse de mim. Por ter me feito acreditar em palavras doces, que depois se transformaram nesse vazio.
Eu não acredito no amor, mas tenho esperança de que ele exista. Eu não acredito que alguém possa se interessar por mim, porque acredito que nada eu tenha de interessante. Eu mudei, e esperava que as pessoas que se aproximam de mim também fossem pessoas diferentes. Me enganei. E agora sofro por isso. E escrevo. Escrevo porque eu sei que apenas aqui eu posso ser quem eu quero ser, sem pudor, sem medo, sem desconfiança, sem julgamento. E espero, de verdade, que um dia apareça alguém. E que esse alguém me olhe nos olhos e veja a minha alma, e que a tire do buraco em que eu a joguei. Que seque as lágrimas que hoje escorrem em meu rosto. E que enfim, não espere muito de mim.

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