Vendedor de Sentimentos

Tentei começar pelo título, mas não deu certo. Hahaha. Dizem, os professores de redação de cursinhos, que você deve escrever tudo, para depois pensar em um título, pois é. Não tem outro jeito. E eu sou uma dessas professoras que aconselham fazer isso. Mas sei lá, hoje me deu vontade de escrever o título, e me forçar a escrever sobre aquele tema, não deu. E isso de certa forma me irrita. Só que não posso ir contra aquilo que quer "sair de mim". Não posso ignorar aquilo que eu quero vomitar nesse blog. São palavras, sentimentos, ilusões, viagens, pensamentos. Ficção, muita ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
 Eu me lembrei agora da minha época de escola, de ensino fundamental e médio. Quando eu ganhava dinheiro para escrever cartas de amor, de desculpa, de qualquer coisa que me fosse solicitado. Eu escrevia, entregava, o comprador passava a limpo, entregava e no fim ganhava o mérito por algo que ele não escreveu e por algo, que possivelmente, não sentia tão profundamente quanto estava escrito naquela folha de papel. Tive a oportunidade de escrever um livro intitulado "O vendedor de sentimentos", foi só um esboço, muito curto, mas ele está escrito, tem um começo, um meio e um fim - pode ser que não esteja terminado de fato, mas tem um fim! -, este livro fala um pouco sobre toda essa minha fase de escrever essas cartas, de vender sentimento. Não sendo muito modesta, mas eu sempre escrevi muito bem sobre coisas que eu não sentia. Ajudei namoros a começarem, a não terminarem. Eu sempre quis ver todo mundo bem. Sei que não é legal ter um relacionamento com base em mentiras, mas o fato é que nem todo mundo sabe ou consegue escrever aquilo que sente de forma tão simples e complexa ao mesmo tempo.
Acredito que não são palavras bonitas que fazem diferença para uma pessoa que lê uma carta, mas sim a verdade que se consegue depreender daquilo que se está lendo. Se for olhar pelo lado real da coisa, realmente, não havia nada de real em tudo, mas às vezes havia. Eu recebia para sentir aquilo, e dizer o que deveria ser dito. Eu usava as palavras certas. Não bastava apenas pedir desculpas, pedir perdão. Não bastava apenas dizer que amava. Sentimentos às vezes são pouco.
Hoje eu escrevo, nada muito entusiasmador quanto o Ela... Mas são meus pensamentos de hoje. Queria ter escrito sobre o sentimento de ser traído. Não falo de traição de casal, falo de sentir-se traído em qualquer nível de relacionamento. Não vou entrar em detalhes sobre o que rolou hoje, mas o fato é que eu fiquei bem chateada, e estou tentando relevar. Mas percebi que eu não consigo escrever sobre aquilo que eu sinto, prontamente. Preciso de preparação, de pensamento, de organização, de edição, de revisão. Fato é que eu sou louca. E é normal ser louca. Todos os poetas e literatos eram/são loucos. Ninguém escapa a loucura da razão ou da razão da loucura. Não podemos fugir. E de alguma forma, seremos sempre vendedores de alguma coisa. Eu vendia sentimentos.

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