Confissões de uma mente que inconscientemente acredita ser normal...

Lembro-me de chegar em casa,vê-lo deitado na cama...Dormia como um anjo.
Vesti pijama.Fui até a cozinha.Comi.Voltei ao meu quarto e me deitei...
Não sei porque mas algo não me deixava dormir,estava inquieta...Aquela figura deitada na cama mais parecia um cadáver esperando para ser enterrado. A pele branca...O rosto alvo...Os lábios quase sem cor...O que quebrava todo esse defunto era o calor que o seu corpo transportava ao meu, era a respiração ofegante devido a um problema nas vias respiratórias.Acendi uma luminária e comecei a ler...Não me lembro o título do livro...Nem lembro da história...Por que eu o li??Sinceramente??!!Era a única coisa que havia em meu lado do quarto.Ao iniciar a leitura,percebi que aquele cadáver se achegava para mais perto de mim,já não conseguia mais sentir aquele corpo quente como uma brasa encostado ao meu...Sentia uma espécie de rejeição.
Foi nesse dia que tive certeza do que todos dizem...Que com o passar do tempo o casamento se torna monótono...E que a saída é sair disso tudo...Mas de certa forma sentia que o meu coração ainda sentia algo por aquele cadáver...Larguei o livro pela metade...Encostei-me ao máximo no meu lado da cama,quase na beirada,só para fugir daquele que estava ao meu lado,e que depois de se aproximar,permaneceu imóvel...
Adormeci.Quando acordei ele já não estava mais ao meu lado.Tinha ido.Assim como era toda manhã.Aguentei essa situação por muito tempo,bem mais do que me disseram que aguentaria.
Certo dia,cheguei em casa.Aquele que por todos os dias me pareceu um cadáver deitado sobre a mesma cama que a minha,estava sentado em uma poltrona que se encontrava no canto da sala de visitas,no andar debaixo da minha casa.Cheguei,tomei banho,vesti meu pijama,fui até a cozinha.Comi.Ia subindo para o quarto quando ouvi aquele cadáver me chamar.Voltei meus olhos para ele.Ele pediu que eu descesse porque precisava falar-me.Desci.Sentei-me ao seu lado.
Conversamos sobre nossas vidas...Ele me perguntou como eu me sentia em relação a ele.Disse que pra mim era indiferente.Então ele me disse que para ele também.E que já não dava mais pra aguentar,porque depois que eu chegava,me deitava e dormia,que ele se sentava na cama,acendia sua luminária,me olhava dormir. Disse que eu parecia um cadáver esperando para ser enterrado,que minha pele branca,que meu rosto alvo e meus lábios quase sem cor o deixavam inquieto,principalmente porque o calor do meu corpo e a minha respiração ofegante pelo mesmo problema de respiração quebravam aquela cena fúnebre de se sentir deitado ao lado de um defunto...
Confesso que me assustei.Como podia ele sentir a mesma coisa que eu sentia?Não compreendi aquilo tudo...Lembro-me de algumas coisas,isso porque minha mente bloqueou tudo o que eu vivi...No dia seguinte,saí daquela casa,me senti livre...E comecei a viver...Havia saído de um casamento maluco...Cuja minha casa havia recebido até um nome,nunca compreendi bem o porquê,porque a casa que hoje eu moro não possui um nome...O nome da minha casa antiga era:"Manicômio"...

Comentários

foureaux disse…
Mas essa "normalidade" é geral!
adorei blogue!
Avante!

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