PCN Língua Portuguesa


Os PCN vêm apresentar propostas de trabalho que valorizam a participação crítica do aluno diante da sua língua e que mostram as variedades e pluralidade de uso inerentes a qualquer idioma. O documento de língua portuguesa está organizado, de modo a servir de referência, de fonte de consulta e de objeto para a reflexão e debate.
A primeira parte faz uma breve apresentação da área e define as linhas gerais da proposta. Aborda questões relativas à natureza e às características da área, suas implicações para a aprendizagem e seus desdobramentos no ensino. Apresenta os objetivos gerais de língua portuguesa, a partir dos quais são apontados os conteúdos relacionados à língua oral, língua escrita e análise e reflexão sobre a língua. O último tópico dessa parte, apresenta e fundamenta os critérios de avaliação para o ensino fundamental. A primeira parte, propõe-se a interdisciplinaridade, para que o aluno considere a língua em uma perspectiva mais ampla, e a relação da disciplina aos temas transversais que norteiam os PCN ( ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo). Na primeira parte, a língua portuguesa é apresentada como uma área em mudança, no que se refere ao ensino, pois tem se passado do excesso de regras e tradicionalismo típicos das escolas para um questionamento de regras e comportamentos linguísticos. No que se costuma chamar de “ensino descontextualizado de metalinguagem” (p.18), o texto é usado (quando o é) como pretexto para retirar exemplos de “bom uso” da língua, descontextualizados e fora da realidade do aluno, mostrando uma “teoria gramatical inconsistente” (p.18). Já a perspectiva mais crítica de ensino de língua apresenta a leitura e a produção de textos com base para a formação do aluno, mostrando que a língua não é homogênea, mas um somatório de possibilidades condicionadas pelo uso e pela situação discursiva. Assim, o texto é visto como uma unidade de ensino e a diversidade de gêneros de ser privilegiada na escola.

Com relação à segunda parte, do PCN de ensino fundamental para 3º e 4º ciclos, uma das coisas que chama atenção é a maneira como são apresentadas as diferentes práticas de trabalho com a linguagem, cujo objetivo é desenvolver no aluno o domínio da expressão oral e escrita em situações de uso público da linguagem, levando emm conta a situação de produção social e material do texto (lugar social do locutor em relação ao destinatário; destinatário e seu lugar; finalidade ou intenção do autor; tempo e lugar material da produção e do suporte) e selecionar, a partir disso, os gêneros adequados para a produção do texto, operando sobre as dimensões pragmática, semântica e gramatical (pg. 49).

Alguns pontos do PCN:
PCN – Temas transversais – 3º e 4º Ciclos. (Brasília: MEC/SEF, 1998. Pg. 7 e 8)
Ø  Objetivos do Ensino Fundamental
a)      Compreender a cidadania como participação social e política;
b)      Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais;
c)      Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais;
d)     Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro;
e)      Perceber-se como integrante, dependente e agente transformador do ambiente;
f)       Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação  pessoal e de inserção social;
g)      Conhecer o próprio corpo e dele cuidar;
h)      Utilizar diferentes linguagens – verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal;
i)        Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
j)        Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los.

Outro aspecto importante nos PCN é a importância do trabalho com textos produzidos pelos próprios alunos, geralmente textos sem objetivos e produzidos meramente como avaliação, passariam a ser mateial de apoio para os professores, uma vez que poderiam ser analisadas e usadas em sala de aula para mostrar aos alunos que eles são produtores de texto e que a gramática não é algo abstrato. Sugere-se, então, a refacção dos textos dos alunos como exercício de análise linguística e prática textual. Assim, pode-se fazer uma reflexão sobre língua e linguagem e, comparando textos orais e escritos, dos mais diversos gêneros, o aluno vai percebendo as variações linguísticas.

Dessa forma, a prática de escuta de textos orais/ leitura de textos escritos, a prática de produção de textos orais e escritos e a prática de análise linguística formariam um tripé em cima do qual sustenta-se o ensino de língua portuguesa, funcionando como um bloco na formação dos alunos. Os conteúdos partem, portanto, de textos que valorizam e destacam diferenças e semelhanças, fazendo com que o aluno discuta o que ele vê e/ou lê para conseguir se sentir usuário da língua e participante do processo de aprendizagem: USO→ REFLEXÃO→ USO (p. 65).

Quanto à prática de análise linguística, ressalta-se, no texto dos PCN, que ela não é um novo nome para o ensino de gramática, mas uma maneira de perceber fenômenos linguísticos e relacioná-los aos textos:

Quando se toma o texto como uma unidade de ensino, ainda que se considere a dimensão gramatical, não é possível adotar uma caracterização preestabelecida. Os textos submetem-se às regularidades linguísticas dos gêneros em que se organizam e às especificidades de suas condições de produção: isso aponta para a necessidade de priorização de alguns conteúdos e não de outros (pg. 78 – 79).

Os textos provisórios referentes à materialidade da escrita, que faz do seu produto um objeto ao qual se pode voltar, permite separar não só o escritor do destinatário da mensagem (comunicação à distância), como também permite romper a situação de produção do texto separando produtor e produto. Essa possibilidade cria um efeito de distanciamento que permite trabalhar sobre o texto depois de uma primeira escrita.
Nesse sentido, a revisão do texto assume um papel fundamental na produção. É preciso ser sistematicamente ensinada, de que, cada vez mais, assuma sua real função: monitorar todo o processo de produção textual desde o planejamento, de tal maneira que o escritor possa coordenar eficientemente os papéis de produtor, leitor e avaliador do seu próprio texto (PCN, 1998, 73-74). Ter clareza sobre esses elementos certamente auxilia o aluno a compor seu texto com mais segurança, ponto de partida para o desenvolvimento de suas habilidades como produtor de textos.
Considerando essas ideias, os PCNs de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental propõem que o ensino seja feito a partir de textos pertencentes a diferentes gêneros textuais. Devido a isso, vemos surgir, nos últimos anos, várias propostas de como pode ocorrer o trabalho com gêneros textuais.
Os PCN têm a função de orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações em termos nacionais, na busca de um novo olhar em relação ao saber pedagógico.P 

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