Conto...

Era noite. Eu estava sozinha em minha casa. Estava pensando no que eu ia fazer. O computador estava ligado, mas não tinha vontade de mexer. Na TV passava uma dessas séries premiadas dos EUA, qual era não importa. Chovia muito lá fora. Tipo chuva de verão, só chuva, nada de raios e um calor imenso em meu quarto. Desci as escadas e fui até a cozinha. Abri a geladeira, peguei um vidro de água, um pedaço de bolo e uma caneca com leite. Subi.Sentei-me em frente ao computador e comecei a escrever, confesso que não estava muito a fim de fazê-lo, mas como o sono não vinha, eu precisava fazer alguma coisa, e porque não fazer o que eu mais gostava? Escrever.
Naquela noite eu escrevi 3 contos de amor. Mas em nenhum deles o final era FELIZ. Escrevi sobre a realidade que muitas vezes acontece, que se sobrepõe aos sonhos, aos desejos e às esperanças.
O primeiro dos contos se iniciou com uma carta de despedida que uma garota deixara para seu 1º e único amor e namorado. Podem dizer que isso é estranho, ou que é coincidência, mas acredito que as pessoas sabem quando chega a hora de se despedir de todos e partir pra outra vida. O conto se resumiu basicamente nisso. A garota, sentindo que ia partir, escreve uma carta de despedida para seu amor, contando tudo de bom que eles passaram juntos, revelando segredos antes escondidos, e dizendo pela 1ª e última vez: “Eu te amo”. Ambos acharam uma outra forma de expressar o que sentiam sem dizer “Eu te amo”, combinaram que diriam isso apenas quando realmente fosse pra sempre. E esse momento seria no altar, quando se casassem, mas isso não aconteceria, e a forma dela mostrar pra ele que o amaria mesmo após sua partida, foi dizer que ela o amava. Triste, dramático e romântico. Decidi não prolongar os resumos dos contos.
No segundo, eu parti do pressuposto de que relacionamento à distância não dá certo. Um casal, antes apaixonado, se separa por forças maiores, mas necessárias. Quando você vê uma oportunidade de crescer profissionalmente, qual é seu primeiro pensamento? “É sério?” Mas você acredita e resolve buscar por aquilo, só que você se esquece que tem uma pessoa que faz parte da sua vida, e que provavelmente se sentirá deixada de lado devido a essa mudança em sua vida. Felicidade? Claro que a pessoa sentirá... Mas daí a ficar feliz com a partida? Isso é difícil. O rapaz havia passado em uma prova de concurso em outro estado, moravam no Nordeste e ele passara em Santa Catarina, fui cruel com a distância, né? Pois bem. Ele se foi, e ambos resolveram manter o namoro, mesmo a distância. Sabiam que seria difícil, mas continuaram juntos. Essa nova fase do namoro durara cerca de 6 meses, quando a garota recebe uma carta de seu amado. Feliz da vida com a correspondência, já que carta hoje em dia é raro. Na carta ele dizia o seguinte: “Primeiramente quero que saiba que você foi a melhor coisa que me aconteceu. É a pessoa que mais me cativou. Você me ensinou o que é amor, e que temos que dar valor à pessoas que retribuem esse sentimento. Saiba que eu nunca vou esquecer o que passamos juntos, mas não dá mais. Não posso mais continuar com você. Sei que não deveria terminar com você através de uma carta, mas não acho certo continuar enganando você...” Ela leu até essa parte e rasgou a carta, nem eu, nem ela, nem ninguém jamais saberá o que estava escrito no restante da carta.
No terceiro conto, baseei-me em uma história real que ocorrera em minha cidade natal. Um casal descobrira que seriam pais, mas junto, descobriram também, que a mãe da criança estava infectada com o vírus da AIDS, consequentemente, pensaram eles, o pai também estaria infectado, tanto que nem quis fazer o exame pra saber. E os dois decidiram por si próprios, realizarem um suicídio simultâneo, sei que isso tem um nome, mas não consigo me lembrar agora, naquele dia estava com sono, e agora não estou muito bem pra poder ficar quebrando a cabeça pra lembrar esse nome, e nem tenho vontade de pesquisar na internet. Nesse conto, eu não fui tão calculista assim, não quis usar muitos detalhes disso tudo. A história teve seu fim trágico, não romântico, e não com uma morte premeditada e combinada. Se tratou mais de traição do que de amor, de romantismo. Creio que de todos os três contos, este fora o mais real. Um casal a tempos juntos, mas não com amor igual ao do inicio do relacionamento. Já não estavam propriamente juntos, eles se suportavam, mantinham uma relação de aparências e nada mais. Sabe-se que quando isso acontece, tanto o homem quanto a mulher, saem em busca de um novo relacionamento, sabe-se também, que os homens aceitam trair, mas não aceitam ser traídos. Nesse caso, tanto um quanto o outro traía. Ela sabia dele, mas ele não tinha certeza dela. Até que certa vez ele a viu entrar no mesmo Motel em que ele estava entrando com sua amante. Ele, nervoso, esperou que ela entrasse na garagem do quarto escolhido por eles, esperou que baixassem o portão. Guardou seu carro na garagem do quarto que ele escolhera, pediu a sua amante que o aguardasse no quarto, saiu, entrou no carro, pegou um objeto brilhante. Baixou o portão. Caminhou até o quarto em que sua mulher estava. Abriu o portão e bateu na porta. Eles abriram após ele ter dito que havia um problema no carro, pois óleo estava escorrendo por baixo do portão. Lógico, isso não é normal em um Motel, geralmente eles ligam, não é? Outra desculpa, o sistema de telefonia do Motel estava estragado. E ele havia sido educado, e havia dito que já estava saindo, que aguardassem cerca de 5 minutos para abrirem. E assim eles fizeram, mas pra surpresa de ambos, o cara ainda estava lá, e pra surpresa dela, era o seu marido. Ele entrou no quarto gritando. Sacou o objeto que havia pegado no carro e disparou. Dois contra ela, dois contra o cara e o último alojou-se em sua cabeça. Morreram todos. Foi foda esse, mas eu gostei.
Naquela noite, após escrever esses três contos fiquei pensando em tudo isso, em todas essas histórias e estórias de amor. E se pararmos pra pensar e analisar, todas as histórias de amor têm um fim trágico, outras terminam com traição, ou se perdem pela distância. Será que vale a pena tudo isso? Sofrer, perder, chorar por alguém que não se importa com aquilo que sente? Ou que finge se importar com tudo o que você sente? Ou que se importa com as coisas que você faz sem demonstrar? Não sei mesmo. Ainda não encontrei alguém que me fizesse sentir alguma dessas coisas... E eu agradeço... Não estava preparada pra passar por tudo isso.
Depois dessa noite, passei a me sentar todos os dias em frente ao computador e ficar lá horas e horas, às vezes nada escrevia, outras escrevia não mais que 10 linhas, mas outras vezes, quando a inspiração pairava sobre mim, escrevia textos belíssimos. E aprendi a escrever sobre a mor que dá certo. Não pelo amor propriamente dito, mas por ser necessário. Histórias de Amor acontecem... Eu acredito nisso, mas Estórias de Amor?? Essas são Mitos... Raras são FATOS...
Acho que por essa noite já chega. Fiz uma retrospectiva de tudo, desde o dia em que resolvi escrever pra passar o tempo. Hoje, pro tempo passar, eu tenho que escrever, pois meu relógio parou naquela madrugada em que resolvi pôr em xeque o amor...

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