Eu

Sempre que eu me deito, quando o sono ainda não está forçando meus olhos a fecharem, mas que eu sei que eu preciso dormir, eu me lembro de uma pessoa que eu gosto muito, uma pessoa que eu tinha uma amizade e um carinho muito grande, mas que por obra da vida não posso ter em grupo de amigos. Essa pessoa conseguia simplesmente se deitar e após 5 minutos, dormir. Perguntei a ela como conseguia tal façanha, e ela me disse que o segredo é parar de pensar. Esvaziar a mente. Não pensar em nada. Em nada do que aconteceu, em nada do que quer que aconteça. E noite após noite eu tento fazer isso, tento não pensar nada. Digo pra mim mesma "pare de pensar, só isso, pare... Esqueça tudo.", mas é em vão. E eis o motivo de eu estar aqui agora escrevendo. 02:05 da manhã e eu não consigo parar de pensar.
E o sono parece ter me abandonado. A vontade de chorar é cada vez mais intensa, e alguma lágrima ainda se arrisca a se alojar no canto do meu olho. A dor de cabeça não passa. A chuva cai lá fora. A lua mudou de fase de hoje.
O risco na tela do computador é latente a cada letra que eu digito. A ideia do que escrever está aqui. O que escrever e sei, mas não há sintonia. A ânsia de vômito vai e volta. As lágrimas vão e voltam. Minha gata dorme nos pés da minha cama e simula um abrir de olhos toda vez que eu paro de digitar e olho pra ela.
A chuva parece que parou. Minhas cachorras não latem. Não ouço barulho algum que não seja o do tilintar dos meus dedos nas teclas do computador. Minha janela está aberta. Apesar da chuva, aqui está muito quente.
Acho que me sinto perdida. Voltei a me auto-mutilar, por nervoso? Por ansiedade? Não sei. Pode ser que seja por medo. Acho que estou com medo de fechar meus olhos, não tenho medo de não acordar mais, tenho medo do que o amanhã me traz.
Acho que minha consciência pesa. Pesa pelos meus erros. Eu olho pela janela agora. Está escuro lá fora. Não há estrelas no céu e a chuva cai fininha do outro lado da janela. E minha gata dorme. Meus erros me perseguem. Acho que é por isso que me sinto tão bem na noite. Meu lado obscuro se mistura com a escuridão da noite e eu esqueço. Por vezes, mas esqueço.
Sinto-me agarrada à noite, não às trevas. Sinto como se a lua me possuísse. Como se eu pudesse ser outra pessoa, ou eu mesma. Por vezes sinto-me arrastar na minha própria vida. Só queria que tudo fosse mais fácil. Que as pessoas fossem mais legais e amáveis. Que eu fosse menos ríspida, menos ignorante, menos medrosa.
Eu ainda escrevo. Ainda tenho forças pra isso. E muitas vezes é a única coisa que eu consigo fazer verdadeiramente. Eu me entrego ao que eu escrevo. Sou louca, eu sei. E esse texto é totalmente sem pé e sem cabeça, mas é como eu estou me sentindo hoje. Eu continuo sentada olhando o piscar do risco na tela do computador. A chuva continua a cair lá fora. Os minutos vão passando. Minha gata dorme toda esticada e folgada na minha cama. O calor é agora maior. Igualmente a ânsia de vômito. O sono continua distante, mas o pensamento de não pensar em nada ainda está aqui, firme e forte!!! E assim eu termino.

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